sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A psicoterapia não é dos psicólogos...ixi, e agora?!



Historicamente enquanto ciência a Psicologia vem se desenvolvendo desde 1875, quando Wundt criou o primeiro laboratório de psicofisiologia, em Leipzig na Alemanha. A partir de então a Psicologia e fortemente marcada pelo fortalecimento do seu vínculo com os princípios e métodos científicos. (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2001). A Psicologia passa na atualidade por problemas nos seus mais diversos aspectos, sejam eles no âmbito técnico, prático ou teórico que interferem na demarcação de seu campo de atuação e em sua legitimação enquanto ciência. Vê-se no decorrer da sua história que alcançar o reconhecimento científico havia se posto como foco central de suas discussões, debates e de todo a sua problemática.

Contudo, diferente das ciências “exatas” ou ciências da natureza, a Psicologia tem deixado para um segundo plano o ideal de estabelecer um aporte teórico que responda por toda demanda apresentada ao campo “psi” e faça cumprir o papel das demais teorias buscando uma coerência científica de cunho unilateral (NEUBERN, 2008) Este fato se deve, pelo menos em parte, ás transformações ocorridas nos paradigmas científicos da era contemporânea. A ciência tem reconhecido a inexistência de uma verdade absoluta, entendendo que o conhecimento é constituído e dependente de diversos fatores e do seu caráter de imprevisibilidade. As teorias não são mais vistas como espelhos da realidade, mas sim como um conjunto de referências que possibilitam o diálogo com a realidade sem apresentar respostas e soluções finais a tudo. Visto que a complexidade e as transformações nas relações humanas e seus processos de subjetivação e intersubjetividade tem demandado análises que possam ser realizadas dentro de determinados recortes, considerando o sujeito, suas experiências, sua localização, seu tempo, sua condição socioeconômica.

Perpassando a discussão de cientificidade, outros dilemas têm-se colocado em debate. Dentre eles podemos citar a abertura das práticas da psicoterapia a outros campos de saber que não o campo “psi”.

 A psicoterapia não se constitui enquanto prática exclusiva somente dos profissionais de psicologia. No ano de 2009 a psicoterapia foi tema central  proposto pelo CRP de São Paulo para discussão nos seus mais diversos aspectos. Entre os pontos discutidos colocados em pauta pelo conselho, tem-se de forma breve o histórico da psicoterapia como uma prática oriunda da junção de vários saberes, em especial da medicina, que foi sendo apropriada pela Psicologia ao longo do tempo devido a sua consonância com a proposta de atuação da área “psi”.

Em realidade, há posicionamentos contrários no que diz respeito à abertura ou pedido de exclusividade para a práxis da psicoterapia a outros campos de saber que não seja o psicológico. Alguns autores apontarão a pertinência de tal abertura em dois sentidos. O primeiro, é que a própria construção da psicoterapia se deu em torno de vertentes multidisciplinares como a biologia, a neurociência, antropologia, a medicina, comunicação, sociologia, entre outros. Então, seria incoerente a solicitação de exclusividade apenas para um campo, no caso a Psicologia, de algo que foi/é gerado na interdisciplinaridade. O segundo argumento apresentado, indaga que o fechamento pode fazer com que as teorias de embasamento da psicoterapia se tornem por demais engessadas, estáticas. Dessa forma seu desenvolvimento se tornaria lento, pois considerações/contribuições de outras áreas ao conhecimento da psicoterapia seriam ignorados tornando a prática defasada. De acordo com esta ótica, a possibilidade de abertura das psicoterapias a outros campos de saber é considerada essencial no seu processo de construção e compreensão das demandas/problemas que lhe são apresentadas.

Por outro lado, há os grupos que reivindicam a exclusividade alegando que o direito a utilização das práticas psicoterápicas seja apenas dos profissionais de Psicologia, já que estes têm a formação adequada para tanto. Estes, afirmam que os alunos de graduação do curso de Psicologia têm na sua grade curricular a possibilidade de fazer estágio de atuação na clínica, fato que não é real em outras graduações. Assim entendem que a prática orientada possibilita uma compreensão melhor e mais apurada do que a mera absorção da teoria em sala de aula.

Neubern (2009) propõe que o foco do debate seja desviado dos pontos que discutam a abertura ou a exclusividade da psicoterapia a outros campos, relatando que esse movimento se dá apenas por questões mercadológicas (áreas de trabalho, capitalismo, empregos, status social, etc) e a principal crítica que deve ser feita é em relação a qualidade das práticas psicoterápicas utilizadas, quanto a sua eficácia, seus benefícios, a construção do seu alicerce e como ela pode auxiliar a população no enfrentamento dos sofrimentos gerados numa sociedade que carece da falta de vínculos afetivos, das exigências de performance e das necessidades de trabalho no mercado capitalista.

De maneira geral, os debates/seminários propostos pelos conselhos não tem por intenção buscar uma resposta que se firme de forma ortodoxa de um lado ou de outro da questão, mas de fazer com que os profissionais envolvidos com problema apresentado, sejam eles psicólogos ou não, possam se reunir e apontar suas dúvidas, colocar seus posicionamentos, trocar experiências e refletir sobre a transformação e construção da Psicoterapia.
Dos Ermitões

Com auxílio de:

BOCK, Ana Mercês Bahia. FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: Uma Introdução aos estudos de Psicologia. Ed Saraiva. São Paulo, 2002

MOREIRA, Ana Cleide Guedes. Psicoterapia: por uma Estratégia de Integralidade. In: 2009 Ano da Psicoterapia. CRP São Paulo. Disponível em < http://www.crpsp.org.br/psicoterapia/ >.Acesso em 09 set.2010

NEUBERN, Maurício S. Quem é o Dono da Psicoterapia? Reflexões sobre a Complexidade, a Psicologia e a Interdisciplinaridade. In: 2009 Ano da Psicoterapia. CRP São Paulo. Disponível em <
http://www.crpsp.org.br/psicoterapia > Acesso em 09 set.2010

RODRIGUES, Henrique J. Leal F. Por uma política de parcerias estratégicas interprofissionais para o campo das psicoterapias no Brasil. In: 2009 Ano da Psicoterapia. CRP São Paulo. Disponível em
<http://www.crpsp.org.br/psicoterapiaAcesso em 09 set.2010.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

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Ênfases em psicologia: estudando para melhor conhecê-las.

De acordo com as diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, há uma necessidade que o psicólogo tenha habilidades múltiplas, sendo “capaz de diagnosticar, avaliar e atuar em problemas humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, coordenar e manejar processos grupais, atuar inter e multiprofissionalmente, realizar orientação, aconselhamento psicológico e psicoterápico, levantando questões teóricas e de pesquisa e gerando conhecimentos a partir de sua prática profissional.”. Isso nos leva a pensar o quanto é importante estarem claras aos estudantes de psicologia a ênfase que vai optar dentro do curso, e mais, a importância de manterem-se em um constante processo de aprendizado, dentro e fora da academia.
As Ênfases:
As palavras Gestão e Cuidado, podem nos remeter a direções bem distintas baseando-se no senso comum. Partimos de tal discussão para a redação deste texto, chegando à conclusão que se a palavra gestão nos leva a pensar no verbo gerir, e portanto à administrar, o psicólogo que der à sua carreira essa direção vai visar exercer cargos dentro das organizações, onde seu principal papel é gerir pessoas (administrar, recrutar, treinar, orientar) com foco principal na organização. Por outro lado, o cuidado traz um aspecto mais humano, focado no “cuidar”, “tomar conta” de uma pessoa que esteja necessitando, seja na clínica, hospital, escolas, entidades sociais, em grupos ou individualmente.
Entretanto, alguns textos estudados nos propiciaram um maior esclarecimento a respeito de tais conceitualizações. O Cuidado, apesar de seu significado estar bem próximo do senso comum, tem que ser analisado com critérios: não pode ser visto somente como uma ênfase, pois é o componente principal na ação do psicólogo, seja qual for a ênfase seguida. Importante ainda ressaltar que a Gestão também está presente no trabalho de qualquer psicólogo. Mesmo aquele profissional que optar por trabalhar em um hospital, por exemplo, com atendimento a pacientes terminais, irá trabalhar com gestão ao mesmo tempo que o cuidado, visto que o hospital é uma organização, e portanto, como qualquer outra área de atuação do psicólogo (clínica, escola, organização), o profissional irá, gerir pessoas, sem que o cuidado fique de fora, então, não há commo se falar de Gestão e Cuidado, dentro da Psicologia, em ambientes separados.
Ao passarmos a refletir sobre essas questões, tivemos a oportunidade de nos deparamos com um exemplo claro desses aspectos na leitura feita sobre o artigo “Qualidade de Vida no Trabalho na Polícia Militar de Minas Gerais” de Aédel Nagib Assaf, psicólogo da PMMG, (encontra-se no endereço: http://www.ismabrasil.com.br/tpls/147.asp?idPagina=165&idPg=794&mAb=n). Com essa leitura pudemos ver claramente a complexidade em que seria avaliar as ênfases separadamente pois o artigo , que tem seu foco no cuidar (qualidade de vida dos policiais militares),  traz inúmeras citações e explicações de Chiavenato, autor de diversos livros de administração, e muito estudado na disciplina de Gestão de Pessoas do curso de psicologia.

Com o aprendizado conseguido através das diversas leituras sobre a diferenciação, ou não, dos termos Gestão e Cuidado dentro da Psicologia, podemos concluir que, muitas vezes, partindo de conhecimentos do senso comum, temos uma certa noção de termos acadêmicos, mas que não podemos dar por verdadeiros, diante das novas possibilidades que aparecem após uma estudo mais aprofundado.