sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ah, essa tal Psicologia...

              Como se encontra a psicologia, o mercado de trabalho e como, enquanto estudantes, temos nos posicionado sobre os processos de transformação e desenvolvimento do saber psi? Muitas perguntas, questionamentos complexos, mas necessários para sabermos o que queremos da psicologia e como temos construído nossa relação. Sim! Nós temos uma relação com a Psicologia. Relação de amor e ódio, de incompreensões, de impaciência, de vários DR’s, de voltas e revoltas, de momentos de paixão e amizade e também de vontade de botar um fim em tudo e partir pra outra. Mas estamos com ela e queremos, até que alguém diga o contrário, manter a nossa relação. E apesar de ser um consenso entre nós não termos entrado nesta relação por amor (isso a gente explica em outro post), queremos melhorar nosso vínculo afetivo e estamos dispostos a compreendê-la.
              E o primeiro passo é saber a quantas anda nossa companheira. Já percebemos que ela passa por um momento difícil. Percebemos que a Psicologia tem passado por um desequilíbrio em seus processos de legitimação e identidade.
             Com um pouco de receio, característico desta fase na qual nos encontramos (6º período, meio caminho andado para diploma, formação é outra coisa, ué!), com muitas dúvidas e poucas certezas, temos vistos debates, não muito intensos, sobre a legitimação da psicologia, formação da sua identidade, seu posicionamento na sociedade, etc... Assim, lendo, estudando, trabalhando, chamou-nos a atenção alguns textos que clareavam nossos horizontes, sobre os problemas enfrentados pela psicologia na atualidade. Aí também instalou-se em nós uma preocupação, pois compreendemos a problemática, mas não vemos o assunto em pauta entre os estudantes de psicologia.
              A psicologia passa na atualidade por uma crise e dificuldades na solução deste problema são claros. Drawin pontua tal crise em três aspectos: o primeiro a nível técnico, pois a psicologia é fortemente associada a uma demanda de aplicação de teste e seu crescimento se deu pela necessidade de provar sua cientificidade. Prova disto é que a aplicação de testes é primeira das três atividades mais exercidas pelos psicólogos (nesse caso, não psicólogos também!). O segundo está circunscrito a nível teórico, onde o campo psi sofre um a pressão da academia e da sociedade para atingir uma uniformidade teórica de cunho unilateral (ops, por nós o respeito pelo saber do outro já está de bom tamanho!). E por último a nível prático, ( entenda-se prático por práxis, como já dizia Marx, como agir social em sua dimensão ética e política. Bonito isso, hein!!!). Neste nível se encontra raiz da crise e especificamente na ética profissional. Mas a visão social que está mais atrelada à profissão do psicólogo é um modelo de atuação médico atuando em consultórios, clínicas de atendimento particular . Alguns estudiosos enfatizam que a psicologia deveria ser mais que uma atividade de luxo e por sua natureza eminentemente social não poderia ser reduzida a uma técnica para solucionar os problemas dos privilegiados, e outros concluem indagando que a psicologia está longe de ser abrangente a ponto de ser definida pela sua utilidade e contribuição a sociedade e questiona a adequação a realidade social e também no que concerne a contribuição para a resolução dos problemas sociais do HOMEM BRASILEIRO.
              Temos até aqui questões que atravessam nossa vida e formação enquanto sujeitos que buscam transformar sua realidade e se identificar com sua profissão. Contudo, mais do que esse processo identificação, desejamos integrar e contribuir com um saber que está em construção. Desejamos participar e realizar nosso potencial. Queremos trazer em pauta os problemas e as possibilidades de solução e melhorias. Não queremos apenas reproduzir o que nos é passado na academia (desse jeito a gente fica mal acostumado!), queremos interagir, criticar, transformar e criar novos saberes e conhecimentos que estejam pautados na nossa realidade, na busca do bem estar social. E nós já entendemos que não é tarefa fácil. Sabemos que pontuar os problemas é muito mais simples que elaborar soluções. No entanto, é por aí que começamos... E no mais, o que queremos é fazer com que esse relacionamento, apesar das dificuldades inerentes ( e booota dificuldade nisso!), possa seguir em frente. . .

dos Ermitões

Com auxilio de:

DRAWIN, Carlos Roberto. Ética e Psicologia: por uma demarcação filosófica. Psicol. cienc. prof. [online]. 1985, vol.5, n.2, pp.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PSICOLOGIA E RELIGIÃO: Vamos discutir?

No dia 15/09 aconteceu na SCAP uma mesa redonda com o tema PSICOLOGIA E RELIGIÃO. À frente desta estavam os professores Rubens, Dorinha, Kaitel e Edward.


Como nossa sala não foi muito receptiva à disciplina Cultura Religiosa I, cujo Edward ministrou, resolvemos levantar uma discussão sobre algumas
falas desses nossos professores, afinal seremos psicólogos e precisamos estar abertos às crenças e religiões das pessoas para darmos uma intervenção de sucesso e dentro da ética de nossa profissão.


Abaixo listamos algumas frases, espero que toda a sala venha discutir conosco esse tema tão polêmico.
  

" É justamente no ponto no qual a cultura fracassou que brota o símbolo, testemunha das coisas ainda ausentes, saudade de coisas que não nasceram.... surge a religião, teia de símbolos, rede de desejos, confissão da espera, horizonte dos horizontes, a mais fantástica e pretensiosa tentativa de transubstanciar a natureza." Rubem Alves


"A religião é uma instituição política porque está aliada ao Estado."


"...em um estudo sobre o início da religião e da moralidade humanas, que publiquei em 1913 sob o título de Totem e Tabu [Freud, 1912-1913], apresentei a hipótese de que a humanidade como um todo pode ter adquirido seu sentimento de culpa, a origem primeira da religião e da moralidade, no começo de sua história, em conexão com o complexo de Édipo." Freud

"A psicanálise tornou conhecida a íntima conexão existente entre o complexo do pai e a crença em Deus. Fez ver que um Deus pessoal nada mais é, psicologicamente, do que uma exaltação do pai, e diariamente podemos observar jovens que abandonam suas crenças religiosas logo que a autoridade paterna se desmorona.... Se o Deus benevolente e justo é um substituto do pai, não é de admirar que também sua atitude hostil para com o
pai, que é uma atitude de odiá-lo, temê-lo e fazer queixas contra ele, ganhe expressão na criação de Satã. Assim, o pai, segundo parece, é o protótipo individual tanto de Deus
quanto do Demônio." Freud


"A política sustenta a Religião e a Religião sustenta a política." Prof. Dorinha


"O grupo dos Evangélicos Pentecostais tem crescido bastante e dentro desse grupo tem-se o maior número de políticos." Prof. Dorinha



"Os políticos detem o poder através do Sagrado." Prof. Dorinha


"Religião é a busca por potência, por realizações." Prof Kaitel


"O contato com Deus é sempre Deus dentro de você. É um contato íntimo que não precisa ser intermediado." Prof. Kaitel


"A religião possui dois níveis: o horizontal, no qual nós buscamos algo e o vertical, onde a força vem de cima." Prof. Kaitel


"Por que há tantos conflitos na linguagem religiosa?" Prof. Edward


"Por que há pouco diálogo entre as religiões?" Prof. Edward


"A linguagem religiosa se apresenta  de modo simbólico (gestos, objetos) e de modo formulado (linguagem oral ou escrita - orações, ritos)." Prof. Edward


"A linguagem religiosa é mais narrativa do que descritiva; é mais performativa do que histórica factual; é mais simbólica do que literal; é mais existencial do que empírica; se aproxima mais da linguagem amorosa do que a da racionalidade científica." Prof. Edward





 SUGESTÕES

ALVES, R. O que é religião? São Paulo: Loyola, 1999.



______. O Suspiro dos oprimidos. São Paulo: Paulus, 1999.


DAVID, S. N. (2003). Freud e a religião. Rio de Janeiro: Zahar.

FREUD, E., & Meng, H. (Orgs.). (1998). Cartas entre Freud e Pfster: Um
diálogo entre a psicanálise e a fé cristã. Viçosa, MG: Ultimato.

FREUD, S. (1976a). O futuro de uma ilusão (Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 21).
Rio de Janeiro: Imago (Originalmente publicado em 1927).


_____,  S.  (1976b).  Novas  conferências  introdutórias  sobre
a  psicanálise:  Conferência  XXXV:  A  questão  de  uma
Weltanschauung  (Edição  Standard  Brasileira  das  Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol.22). Rio de
Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1933 [1932]).


_____, S. (1976c). Moisés e o monoteísmo (Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 23). Rio
de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1939 [1934-38]).


_____, S.  (1976d). As neuropsicoses de defesa  (Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud,
Vol. 3). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1894).


_____, S. (1976e). Totem e tabu (Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 13). Rio
de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1913).


_____, S. (1976f). Um estudo autobiográfco  (Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 20). Rio
de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1925 [1924]).


_____, S. (1976g). Por que a guerra? (Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 22,
pp. 237-259). (Originalmente publicado em 1930).


_____, S. (1976h). Atos obsessivos e práticas religiosas ( Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud, Vol. 9). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente
publicado em 1907).


_____, S. (1976i). Conferências introdutórias sobre psicanálise:
Conferência XXl: O desenvolvimento da libido e as organizações
sexuais (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, Vol. 16). Rio de Janeiro: Imago.
(Originalmente publicado em 1916- 1917 [1915-1917]).


_____, S.  (1976j). Leonardo da Vinci e uma  lembrança da sua
infância (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, Vol. 11). Rio de Janeiro: Imago.
(Originalmente publicado em 1910).


_____, S. (1976k). Uma neurose demoníaca do século XVII (Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud, Vol. 19). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente
publicado em 1923[1922]).


_____, S. (1976l). Dois verbetes de enciclopédia  (Edição Standard Brasileira
das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 18). Rio de
Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1923[1922]).


JOHSON, P. (1964). Psicologia da religião. São Paulo: Aste.


KÜNG, H. (2006). Freud e a questão da religião. Campinas, SP: Verus.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Extensão, Mediação de Conflito e Fica Vivo!

Em primeiro lugar quero parabenizar à todos aqueles que fizeram e ainda fazem parte deste 10 anos de Psicologia na PUC São Gabriel. São 10 anos de contruibuições e crescimentos institucionais, acadêmicos, profissionais e educativos.

O objetivo dessa postagem é levantar alguns pontos importantes discutidos na comunicação coordenada que ocorreu hoje às 10:30 no prédio C sala 106.
Foram apresentados quatro trabalhos dos alunos de psicologia:
  • Extensão universitária, integrada ao ensino e a pesquisa: contribuições para a formação em psicologia;
  • PEPA: trajetórias em pesquisa e extensão;
  • Conhecendo a Mediação de Conflito;
  • Possibilidades de diálogos entre o programa Mediação de Conflitos e o Fica Vivo: reflexões sobre integração.

Os autores do primeiro trabalho trazem suas experiências do Proex (Pró-reitoria de Extensão) e o que estas contribuiram para sua formação profissional. Segundo os autores a Extensão Universitária, integrada ao Ensino e à Pesquisa é rotulada como uma atividade da psicologia social. E é nesse ponto que levantamos a seguinte questão: SERÁ QUE OS GRADUANDOS SABEM O QUE É A PSICOLOGIA SOCIAL? Em nossa turma (6º manhã) esta é a área de menor preferência entre os acadêmicos. Os estudantes de psicologia relacionam as pesquisas e os projetos de extensão da universidade com o trabalho social, talvez seja esse o motivo de poucos participantes. A extensão envolve o social, os direitos humanos, a educação, a saúde, a tecnologia, o trabalho, o meio ambiente, e muitas outras áreas que haja levantamento de pesquisa.


E falando em pesquisa, as meninas do 5º período (manhã) apresentaram seu projeto de pesquisa, iniciado no semestre passado no estágio práticas investigativas, sobre mediação de conflito. O projeto apresenta a mediação de conflitos em três contextos: comunitário, educacional e ? (falha). Muito interessante a iniciativa deste trabalho e neste semestre as garotas estão colocando em prática.


Um outro ponto importante a ser levantado é o artigo publicado por duas alunas, uma de psicologia e outra de pedagogia. Neste artigo elas destacam suas inquietações em relação à integração dos Programas de Prevenção à Criminalidade (Mediação de Conflitos e Fica Vivo!). Elas são mediadoras, cada uma de um programa, e nos contaram sobre suas experiências em integrar dois programas que tinham o mesmo objetivo: combater a criminalidade. Tiveram várias dificuldades e conflitos mas conseguiram fazer com que todos os envolvidos articulassem momentos (ações e atuações) de intervenções conjuntas.


Bom, a discussão foi bem mais que isso, foi ótima e  muito enriquecedora. Esperamos ter colaborado para os que não puderam assitir.


http://mediarconflitos.blogspot.com/2006/08/mediao-e-suas-aplicaes-nos-conflitos.html

Grupo: Ψ SOCIAL

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A prática de um estágio curricular

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Este texto tem como objetivo articular a prática realizada no acolhimento aos pacientes da LAÇO ( ONG voltada para a comunidade carente de Belo Horizonte que necessita de tratamento psiquiátrico), com a disciplina Gestão e Cuidado, bem como a formação do psicólogo. Para isso, teremos como base teórica o texto, “A formação do psicólogo para atuação em instituições de saúde”, Mary Jane Spink.
A LAÇO nasceu da vontade da psiquiatra Inês Julião em ajudar os seus pacientes indo além do tratamento medicamentoso convencional, ampliando as possibilidades de inserção social por meio de oficinas voltadas para a produção manual e artísticas, e capacitação profissional.
Atuando por meio de parcerias (PUC, FUMEC, TEKNISA e TELEMONT), a LAÇO atende a um publico de cerca de 700 pacientes.

O nosso trabalho como estagiárias na ONG caracteriza-se pelo acolhimento desses pacientes, para que eles possam se dirigir à consulta psiquiátrica, e posteriormente participar das oficinas.
Em tal acolhimento, procuramos identificar a queixa principal, a história de vida do paciente e o desenrolar de seu sofrimento psíquico.
Por meio desse contato é possível perceber a importância de voltar os nossos olhares para além do acadêmico, e assim intercalar teoria e prática, visto que são duas coisas  indissociáveis.

 Nesse sentido o texto de Spink, é de grande relevância , pois apresenta uma discussão interessante sobre a formação do psicólogo e sua atuação em instituições de saúde. A autora pontua que a inserção institucional desse profissional deverá ser feita de maneira reflexiva, para isso é fundamental que se estabeleça um vocabulário comum e se desconstrua conceitos utilizados. O primeiro deles é a própria definição de instituição, que segundo a autora, é um termo utilizado no cotidiano profissional para designar sistemas de normas que estruturam um grupo social quanto para referir-se a um estabelecimento, como por exemplo, hospitais, clínicas, e nosso caso a própria Laço,



regidos por normas vinculadas ao coletivo, que posteriormente “atingirão o estatuto de normas universais e leis”. 

Segundo Spink,  compreender o processo de institucionalização destas normas e a dinâmica que envolve o desenrolar da  prática  profissional é importante para que o psicólogo desenvolva um trabalho carregado de sentido, “consciente e conscientizador”.
A autora pontua ainda que entender o problema do cliente institucional sem levar em consideração a problemática social  que o transformou em cliente desta instituição seria um erro.  Assim como não considerar a própria história da instituição e as pessoas que a movimentam.

Entender o processo de construção da Ong foi necessário, assim como esse  contato na laço nos possibilita enquanto estudantes compreender os sujeitos em suas diferenças e em sua realidade,  e para esses indivíduos tal atendimento além de proporcionar a inserção social,  promove também a integração grupal.
No que se refere ao estágio, podemos afirmar que é através desse contato que o processo de construção de nossa identidade profissional começa a ser formulado, e é inegável que nos  auxilia também  nas reflexões sobre a formação e no desenvolvimento de posturas críticas sobre a práxis da psicologia e sua aplicação na atualidade.

Grupo: Subjetividade

domingo, 12 de setembro de 2010

As Psicologias do Futuro


Não importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o ‘de’, o ‘aliás’,
o ‘o’, o ‘porém’ e o ‘que, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus...
 (Antes do nome. Adélia Prado. Bagagem, p. 20)


Antes, um pouco de poesia - para rememorar o início do nosso semestre, e para aplainar as veredas e conquistar este espaço/caos aos poucos. Mas, os sítios escuros nos desafiam.


O PósPsiquê é um grupo formado de pessoas que vem de todos os lados e períodos. A diversidade nos compõe e compõe o nosso grupo por várias razões – somos de diferentes origens de classe, de geografia, de histórias e experiências de vida, de gênero, de etnia, temos deficiências – e entre elas uma é especial – a deficiência visual. Estas diferenças nos inspiram questionamentos sobre a formação que teremos, se conseguiremos atender não só a demanda muitas vezes vista como generalizada e uniforme, como se todos os sofrimentos ditos psíquicos tivessem uma mesma origem e como se esta origem fosse apenas interna/intrapsíquica. E já que a diferença e a pluralidade se reuniram em um só grupo, nada melhor do que emergir um nome e um tema que perguntam sobre o que vem além – além da psique e para além da psicologia que hora conhecemos.
O curta PROFISSÕES DO FUTURO – produzido por docentes UFMG, organizado por Carlos Brandão, nos ajudou a expressar esta questão e encontrar o nome - nomear o grupo e definir o nosso tema. Afinal, não se falou sobre a psicologia como a profissão do futuro, mas os prognósticos sobre os sofrimentos que afetarão a humanidade daqui a 10-20-30 anos revelem que nesta área teremos muito trabalho. Os estudos sobre a depressão, por exemplo, apontam dados nada animadores na medida em que este sofrimento ainda se aprofundará nas próximas décadas.
Por inspiração do curta definimos como o nosso tema: As psicologias do futuro, e o nome do grupo: PósPsiquê. Assim mesmo: com maiúsculas e acentos. Algo pós... pós o que? A nossa intuição e hipótese é vasculhar... perscrutar... matutar... sobre as demandas da psicologia do futuro, uma psicologia reflexiva. Dependendo das demandas devemos chegar a uma formação adequada e a um profissional do campo da “psique”, obviamente preparado para tal por uma universidade atenta a estas demandas. Afinal, qual será a profissional/o profissional da psicologia do futuro ou o campo futuro da psicologia. Aliás, será que com isso não chegaremos ao que já é a demanda do presente? Isto é uma boa hipótese. O mapeamento do campo certamente nos revelará o muito que já existe.  A criatividade visionária das professoras e dos professores que falaram no curta das profissões do futuro, e sua ênfase na engenharia de informação e tecnologia nos levaram a pensar que o psicólogo do futuro deveria ser algo como um psicotecnólogo (?).
Enfim, temos muito a pensar no que diz respeito à formação em nossa área. Os textos indicados para as aulas se ocupam bem desta questão da formação. Mas, em princípio, se quisermos tirar algumas lições e inspirações no que foi dito no curta já teremos indicativos de um perfil de profissional do campo da psicologia:
Do bibliotecário cibernético podemos apreender que o profissional do futuro deve ter vocações como: capacidade de lidar com a tecnologia da informática, perfil de administrar, gerenciar, com uma certa erudição, cultura e sensibilidade;
Da alquimista: que é importante pensar a partir de vários campos do conhecimento e produzir novidade a partir disso. Uma engenharia da imaginação: formação sólida em vários campos do conhecimento, capaz de pesquisar e articular aquilo que existe de novo em vários campos do conhecimento.
Do meio ambiente natural e da ecologia vem um desafio e uma demanda de uma nova formação que esteja atenta para a responsabilidade humana e a construção de uma nova relação com o meio ambiente natural e social, o que implica o cuidado e a gestão da diversidade cultural. Trata-se de preservar o ambiente e preservar a sociedade, de justiça social e justiça ambiental. Há demanda de uma nova profissão: alguém que enfrente as questões ambientais que discuta a questão ambiental e social, um cientista sócio-ambiental. Lembre-se aqui que a psicologia ambiental já existe como campo de estudos e intervenção.
Da genética – a preocupação com a criação de medicamentos que melhorem a qualidade de vida das pessoas.
Da biociências e biotecnologia a atenção aos nanomecanismos que poderão se injetados no corpo humano; da biologia cintética a criação de novas formas de vida e a manipulação genética, criação de novos códigos genéticos e novas formas devida. O papel da psicologia e sua postura diante das consequências destas novidades e como estas questões afetarão a vida humana será crucial aqui.
Na conversa do grupo após assistir o curta avaliamos algumas questões: nas profissões do futuro a formação deve partir de vários campos de conhecimentos. Falou-se muito em pesquisa de laboratório. Faltou falar sobre a questão social, humana e política. O cuidado e o gerenciamento das relações humanas, conflitos, violência, sociedade, justiça. A formação deve ser cada vez mais plural – não somente específica da área e de pessoas individuais que estudam a sua área para que a demanda do futuro seja contemplada. Para tal precisamos de Universidades que propõe novos currículos onde a formação é interdisciplinar – inter-áreas, não separada por cursos específicos. Por exemplo, como mudar a relação entre profissionais de psicologia, medicina, enfermagem, ciências sociais, assistência social, se o formato da universidade não ajuda na formação que o futuro exige – de profissionais com uma formação multiprofissional. Os entrevistados falaram de um super-ser-humano que deve dominar tudo de tudo ou tudo de muito pouco – uma superespecialização – que não toma em conta o contexto mais amplo e as implicações éticas. Poderíamos pensar mais em profissionais que sim tenham conhecimentos plurais, criar, articular conhecimento, mas que o trabalho seja de grupos de gerenciamento e pesquisa multi e interdisciplinar. A disputa do espaço não se dará mais pelo nome da profissão, mas pelas habilidades. A diferença entre mundo de trabalho e mercado de trabalho: o papel da universidade é formar profissionais para o mundo do trabalho, mas a demanda do mercado muitas vezes é outra. A universidade não forma para o mercado de trabalho.
Então: qual é o perfil da psicóloga e do psicólogo do futuro? Como será a psicologia do futuro? Esta questão continuaremos a responder nas próximas postagens e com os palpites de toda a turma e de todos os grupos – blogueiras e blogueiros. De todo modo, pensar a formação não apenas voltada para um mercado que necessita de tecnólogos, precisamos pensar numa psicologia que pensa o ser humano e a humanização do mundo e uma psicologia mais preventiva, que ajude a pensar a realidade humana não apenas para intervir no sofrimento já causado, mas na prevenção dele.
Sigamos o conselho da Sociedade dos Poetas Mortos: Carpe Diem!

Grupo PósPsiquê