sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sobre conversas, desabafos e espaços coletivos

As perguntas que orientam a postagem intitulada Que confusioooooon são muito instigantes. Que formação queremos? Que gestão e cuidado estamos falando? E a construção das possíveis respostas é exatamente a proposta da disciplina: trocar saberes e textos, dialogar com diferentes pensamentos, autores, professores e colegas sobre as diretrizes curriculares, a profissão do psicólogo, sua relação com o trabalho, as dimensões da gestão e do cuidado na atuação profissional, o trabalho em equipe, a formação em psicologia! A riqueza dessa proposta de construção coletiva, nos torna, professores e alunos, aprendizes. Esse lugar de aprendiz nos desloca, nos provoca, nos interroga. O saber não está pronto? Temos que colocar a mão, ir e vir, questionar, articular com outros saberes (populares e científicos), duvidar, afirmar, retomar, inventar? Sim, essa é a postura de conhecimento que estamos defendendo. Partimos da noção que o saber e o fazer se movimentam e não estão fixos ou cristalizados em alguns lugares ou algumas pessoas. De fato é uma proposta diferente de aprender, de conhecer, de caminhar na formação.


No mais, acreditamos que o blog pode ser sim, um espaço para o desabafo, mas, lembrando a aula do Cacá, para além de um espaço de que todos nós DEVEMOS cuidar, o blog é um espaço do qual todos nós PODEMOS cuidar e temos a liberdade para isso. Claro, a liberdade implica também em responsabilidade sobre nossas posturas e palavras.

Mas este é um tema que não se esgota aqui. E continuemos as interações.

Abraços,

Valéria e Cássia

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Considerações sobre : “" Psicólogo, você sabe o que é Twitter?"



Após a leitura dos textos variados dos grupos deste blog, a nós " Subjetividade" ficou incubida a tarefa de comentar sobre o texto " Psicólogo, você sabe o que é Twitter?" Entonces, muchachos, a cá estás:
É certo que o psicólogo deve conhecer as várias ferramentas do mundo virtual, assim como o Twitter. Essa ferramenta foi proposta para a divulgação das atividades  realizadas pelos sujeitos em seu cotidiano. No entanto, acreditamos que essa proposta inicial foi distorcida. Hoje o Twitter é utilizado em resposta à questão: O que você pensa sobre?......
Assim, ao twittarmos sobre algo, deixamos ali nossos posicionamentos sobre as várias questões que estão em destaque na mídia. Esse posicionamento é lido e julgado por outros, fazendo com que as pessoas criem personagens para se expor nesse “rede interativa”, perdendo a originalidade da proposta, ou seja mostrar verdadeiramente o que é. Tudo isso, para satisfazer as expectativas dos leitores e o que julga ser uma postura reconhecida socialmente.  Ao nosso ver, esse mostrar velado nada mais é do que representar aquilo que não se é ou pensa. E assim podemos pensar na alegoria das máscaras, “ eu sou aquilo que você gostaria de ver”, então enceno.
Escrever sobre o “Twittar” levantou outros questionamentos: Não estamos reproduzindo em tudo que fazemos aquilo que essa sociedade diluída nos proporciona?
Indo mais além, não seríamos fantoches nesse palco social?  De acordo com o sociólogo Peter Berger, quando fala da teoria dos papéis e da visão do homem baseada em sua existência na sociedade, nesta visão ele mostra que o homem representa papéis dramáticos no grande drama da sociedade e que, falando-se sociologicamente, ele (o homem) é as máscaras que tem de usar para representar. A pessoa neste caso, é percebida como um repertório de papéis, cada um dos quais adequadamente equipado com uma determinada identidade.  E assim, para diferentes platéias existirá  mudanças de roupagens, ou máscaras sempre exigindo que o ator seja um personagem.
E neste mundo informatizado, os twitteres, orkuts e todas as outras denominações, são na verdade uma falsa amostra daquilo que gostaríamos que os outros vissem de nós!!!!

Referência: BERGER, Peter. Perspectivas Sociológicas: uma visão humanística. Petropólis, Vozes, 1986. 






Que confusioooooon

        Começo com a clássica frase “Aaaahhhhh sei lá”, de um conhecido nosso, que representa a vasta falta de conhecimento. Que gestão? que cuidado? Gestão de pessoas? Gestão com pessoas? Gestão de que? Cuidado com quem você anda? Cuidado se não você dança? Cuidado com o cuidado?
         P*&5@ que p@*iu!!! Que confusão gestão e cuidado igual à ênfase?! Pelo que entendi essa é a ousada proposta da coordenação de formar uma matéria com o intuito de facilitar para nós alunos a escolha de UM caminho a seguir e compreender com se estrutura nosso novíssimo currículo, mas... se até hoje não captamos a proposta que vem sendo exposta por nossas duas professoras – (aah que história é essa duas professoras?!) P*¨&$, além de ter que saber para onde migrar no futuro, nós ainda somos cobaias de duas professoras com pensamentos, idéias, modos de agir, ser e pensar diferentes. P*&5@ que p@*iu de novo!!! Como dizia o grande Raul. Se com um professor já é difícil de compreender, com dois é mais difícil ainda, ou seja, difícil ao quadrado. Metodologias,  maneiras de lecionar e discutir diferentes. To achando essa m*¨%$ bem subjetiva e vai acabar ficando intersubjetiva. (Acho que a idéia deve ser esta, né!)
          Os materiais que andamos recebendo não compreendo bulhufas, muito menos c@r#lh6s. é como se fosse uma ttransa mal dada ou mal feita depois que você termina fica aquele clima de que faltou algo, você fica pensando era melhor não ter fudido, e você fica querendo tirar mais uma foda pra tentar tirar a má impressão. Os textos estão parecendo com isso você lê lê e lê e fica aquele clima chato que de que ta faltando algo, então você tenta tirar a má impressão com o texto mas é aí que a conversa desanda, pois você percebe que se antes tava ruim agora ta pior. A diferença dos textos e da foda mal feita é que a foda você pode melhorar na próxima, já o texto parece que só piora.
           A saída, alternativa, escolha, opção, revés, vicissitude, extração e escapula seja GERIR as aulas e aos sábios ensinamentos das DUAS professoras tomando um ENORME CUIDADO para não dançarmos, e falando em dança eu não sei dançar confesso, portando tomarei CUIDADO com toda essa m*rd@.



OBS: Alguns verbetes foram censurados para que não ofendam ou causem qualquer constrangimento a turma. Mas também não nos privamos de manter o mínimo da nossa Liberdade de Expressão. No mais a idéia central foi preservada. Isso é o que importa! Lembrando que nosso texto sobre a noção de Gestão e Cuidado está no forno...inté!

dos Ermitões

In: Momento desabafo, ufa!

Loucura como construção social

Estava reparando de um tempo pra cá a questão da loucura. Reparei que ela (se é que ela existe) é nada mais que parte de uma significação que nós mesmos atribuímos a ela, ou seja, ninguém é louco objetivamente e sim interpretado como tal (culturalmente). Fenomenologia social? Viagem da minha parte? Não sei ao certo, mas penso que a questão da loucura merece atenção menos pragmática ou menos digamos psicologizada e conseqüentemente reducionista. E não para por aí o nosso potencial medíocre de simbolizar as coisas. Pense então na questão da loucura em uma perspectiva racial ou por classe social. Pra exemplificar pegaremos o senhor Joaquin, saudoso Joaquin, morador do bairro tupi, que no auge dos seus 23 anos é conhecido como maluco beleza, apelido cunhado pela comunidade pelo simples fato dele não se enquadrar nos padrões da sociedade. Joaquin talvez gostasse de ser chamado de excêntrico, ou talvez não, talvez ele nem saiba o significado dessa palavra. "Humm excêntrico?". É incrível como conseguimos dar sentido a uma palavra e como ela pode ser mais aceita que outras, basta ter saído de um contexto favorável. Temos excêntricos na TV e loucos nas ruas. . .

dos Ermitões

In: Momento reflexão

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O que significa gestão? E cuidado?

Nosso grupo chegou à conclusão através de nossos conhecimentos que Gestão é o ato de gerir, administrar, organizar, liderar, orientar pessoas de uma equipe ou uma organização. Já o Cuidado nos remete a idéia de acolher, Psicologia Comunitária, Saúde, Processos psicossociais.


Enfim, com a leitura do texto (Ênfases transversais em gestão e cuidado) chegamos à conclusão de que há um atravessamento entre cuidado e gestão, como se fosse um sistema uma dependendo da outra, não dá para dizer gestão sem cuidado e cuidado sem gestão. Entendemos que, o que precisamos hoje, é de uma nova relação com as idéias e com a realidade. Novas idéias abrem possibilidades de mudanças, mas não mudam. O QUE MUDA A REALIDADE É A PRÁTICA.

Caberá então, o profissional em sua prática atentar para a nova legislação e colocá-la em prática, fazendo assim o diferencial no mercado de trabalho, pois o ser humano precisa de atenção, cuidado, carinho, de uma ótima orientação, sabendo que esse indivíduo é único, subjetivo e social.



“É PRECISO ACREDITAR NA CRIATIVIDADE DO SER HUMANO PARA MUDAR O INSATISFATÓRIO. É PRECISO MUDAR O CAMINHO QUE A EDUCAÇÃO TEM TORNADO, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS”.

IÇAMI TIBA


Grupo: Psicologia.com

Gestão e cuidado


Uma breve reflexão sobre o que vem a ser a disciplina Gestão e Cuidado, no curso de Psicologia, embasado nas noções iniciais adquiridas até então, se instaura em três aspectos determinantes: a preocupação com a formação do psicólogo, o processo de gestão e de cuidado.
Desse modo, vale destacar os vários conceitos dessas duas palavras: Gestão, no sentido dicionarizado, é sinônimo de gerência, de administração. É, também, gerenciar pessoas em seus processos interpessoais em um ambiente comum que ultrapassa as fronteiras do profissionalismo, que se co-relaciona com a noção de Cuidado, comumente relacionado à área de saúde.
Por Cuidado, conforme o dicionário Silveira Bueno, significa precaução; cautela; inquietação de espírito; desvelo – cuidado; carinho; zelo; dedicação – pessoa ou coisa que é objeto de desvelos; dentre outros.
Ambos os conceitos, na atualidade, se interligam fazendo emergir a necessidade de ampliar os horizontes do saber com conhecimentos para além do domínio exclusivo da psicologia.
Para tanto, como um processo de construção a ser desenvolvido coletivamente, que requer maior articulação com as diversas teorias, métodos e práticas, o profissional adotará posturas, habilidades e competências multidisciplinares, por meio de ênfases transversais que possam contribuir para o seu processo de formação e posterior atuação em psicologia.

Avaliação e Estimulação Cognitiva em Idade Pré- Escolar



Os estágios oferecidos no 6º período nos permitem ver na prática  muito do que aprendemos com as teorias, em sala de aula. É o caso da “Avaliação e  Estimulação Cognitiva”, um estágio oferecido  na Clínica de Psicologia do São Gabriel. Este visa o atendimento de crianças de 02 a 06 anos de idade.
O objetivo do atendimento é avaliar as funções cognitivas principais, tais como memória, linguagem e aprendizagem. Após a avaliação os estagiários planejam a estimulação destas mesmas funções cognitivas e executam seu planejamento. A avaliação e a estimulação cognitiva são realizadas através de jogos e brincadeiras.
O desenvolvimento natural da criança pode ser estimulado por meio da aprendizagem, e essa contribui para o seu desenvolvimento global.
Segundo Papalia (2006) a estimulação por meio de jogos e brincadeiras é de especial relevância, pois  brincando as crianças estimulam os sentidos, aprendem a usar os músculos, coordenam a visão com o movimento, adquirem domínio sobre seus corpos e novas habilidades.
Os estímulos cognitivos envolvem a aprendizagem, a atenção, a memória, a criatividade, a curiosidade, a linguagem, os pensamentos, a observação, a leitura, o raciocínio, entre outros fatores. A quantidade de estímulos deve respeitar o crescimento, o desenvolvimento, a capacidade, o interesse e as possibilidades da criança, usando como indicador sua faixa etária. (Papalia, 2006)
A criança é um ser ativo, que merece respeito no seu tempo de crescimento e desenvolvimento. Seu corpo é referência e ele evolui com a estimulação e a exploração dos espaços internos e externos presentes em seu cotidiano. As atividades diárias, as brincadeiras, as falas e as experiências vivenciadas também são momentos que propiciaram a construção espontânea no aprendizado.
Cada criança tem um momento próprio de aprender. O estímulo que a criança recebe nos primeiros anos será determinante para o processo de aquisição de conhecimento futuros. (Ferreiro, 2001).      
Diante de tal constatação  percebemos a importância do cuidado no desenvolvimento infantil. O cuidar envolve atenção, preocupação, responsabilização e envolvimento.
As pessoas envolvidas no  cotidiano da criança precisam demandar tempo, bem como atenção e cuidado no que diz respeito ao desenvolvimento das mesmas,  pois cada uma tem um momento próprio de aprender e quando há falta de estímulos ou uma grande cobrança no momento da alfabetização, isso pode causar uma demora no aprender, o que é muitas vezes confundido com a dificuldade de aprendizagem.
O estágio muitas vezes ultrapassa os limites e vai para além do que é proposto. É o caso das crianças que apresentam sintomas de baixa auto-estima. Muitas vezes essa demanda é implícita, cabendo aos estagiários, sob a orientação da supervisora do estágio, trabalhar a questão da auto-estima na criança.
Quando a auto-estima é boa, a criança é motivada a realizar. Entretanto, se a auto-estima depende do êxito, as crianças podem considerar um fracasso ou uma crítica como denúncia de seu valor e podem sentir-se impotentes para fazer melhor. Em vez de tentarem resolver uma tarefa que não conseguiram de um modo diferente, elas sentem vergonha e desistem, ou se voltam para uma atividade onde esperam ser bem sucedidas. (Papalia, 2006).
Para evitar essa impotência na criança, faz-se necessário que as pessoas envolvidas no seu cotidiano dêem um retorno específico e focalizado, em vez de criticar a criança como pessoa.
Nos atendimentos buscamos valorizar  as conquistas da criança tendo em vista que, a principal fonte de auto-estima da criança é a concepção que as mesmas  têm de sua competência produtiva.
A estimulação cognitiva não favorece apenas as habilidades e concomitantemente a aprendizagem da criança, ela favorece também uma melhora da auto-avaliação de uma criança.


  PAPALIA,D.E.,OLDS, S.W., e FELDMAN,R.D. Desenvolvimento  Humano.  8 ed. Porto Alegre: Artemed,2006.

FERREIRO,E. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.


"Juventude, Vitimação e Violência”


A palestra Juventude, Vitimação e Violência aconteceu no ultimo dia da Semana de Ciência, Arte e Política (SCAP) evento anual da PUC - São Gabriel,  no dia 17 de setembro e foi ministrada pela professora Márcia Mansur que dá aulas para o curso de Psicologia na disciplina de Políticas Públicas. Houveram as participações da Dra. Valéria da Silva Rodrigues (Juíza da Vara Infracional da Infância e da Juventude de Belo Horizonte), Dr. Stanley Gusman (Presidente da Comissão da Criança, do Adolescente e do Idoso da OAB-MG) e Cristina Villas Boas( Professora de Teoria do Desenvolvimento do Adolescente - Psicologia).
A Dra.Valéria falou um pouco sobre sua trajetória e sobre sua escolha de trabalhar com adolescentes. E relata que hoje, apenas participa da implantação da pena sócio educativa, não participando mais das audiências. Um dos motivos que a fez tomar esta decisão foi ver a importância da equipe multidisciplinar ao dar uma sentença. Acredita ser essencial a participação do psicólogo na avaliação dos processos. Como hoje ainda, percebe que nem todos têm essa preocupação, a Juíza diz preferir ficar apenas com a parte das medidas. Deu exemplos de como a juventude de hoje, tanto de classe baixa, quanto de classe alta, desejam a mesma coisa. Querem o mesmo tênis da moda, querem ser vistos pela sociedade e necessitam do sentimento de pertencimento. Para explicitar isso, deu exemplo de violência que ocorre entre adolescentes de classe alta. Briga entre alunos de dois colégios conceituados de Belo Horizonte, como se fosse uma disputa de poder. Mesmo dando este exemplo, disse que é muito difícil ver jovens ricos sendo indiciados. A grande maioria desses jovens são pobres, com histórico de crimes, drogas e outros problemas familiares. Fala da dificuldade de se arrumar um emprego hoje em dia, e do baixo salário. E ao contrário disso, a facilidade para entrar no mundo do tráfico, e receber muito dinheiro.
Após a participação da Doutora Valéria, Dr. Stanley Gusman pegou o “gancho” da fala de Valéria, dizendo que apesar de todos estes fatores influenciarem bastante para que os adolescentes cometam cada vez mais crimes, estes mesmos adolescentes estão dando abertura para que algumas violências aconteçam. O Doutor então insinua que as crianças e adolescentes hoje em dia, envolvidas pela mídia e mudança de valores também são um pouco responsáveis por tanta violência. Comentário este, que gerou desconforto em muitas pessoas presentes na sala.
Por ultimo, a professora Cristina Villas Boas, falou um pouco sobre o conceito de juventude na contemporaneidade e apresentou algumas definições de juventude. No geral a descrição da juventude foi relacionada à necessidade de pertencimento, a tentativa de ser diferente (mas ao mesmo tempo igual para pertencer), indecisões e sede de adrenalina, querendo desafiar o mundo.
Ao final, foi aberto um espaço de perguntas e comentários acerca do tema e a respeito da fala dos convidados. A palestra foi interessante ao que se refere a oportunidade de ouvir profissionais que estão em contato direto com adolescentes em conflito com a lei e que trouxeram um outro olhar para alem do psicologia (com o qual estamos acostumados) por exemplo, o do  Direito. Alem da proximidade existente entre o tema “Juventude, Vitimação e Violência” com a disciplina de Políticas Públicas, que dentre outros fatores visa proporcionar, a nós alunos, uma visão critica acerca dos conceitos ligados a política pública e social e sua relação com a psicologia enquanto prática transformadora do sujeito e da realidade.

domingo, 10 de outubro de 2010

"Humanização em Saúde"


No dia 17/09/2010, aconteceu na PUC – Coração Eucarístico, a palestra do Saúde em Roda com o tema “Humanização em Saúde” que contou com a participação de Eduardo Passos, consultor do Ministério da Saúde para implantação da Política Nacional de Humanização do SUS e com atuação na psicologia em áreas de políticas públicas, cognição e subjetividade.  

Organizado pelo Pró-Saude, o evento contou com a presença de um público diversificado de alunos, professores e profissionais da área da saúde, no qual foi possível a discussão acerca da humanização, seus desafios e tentativas de colocá-la em prática.

Eduardo Passos, em um primeiro momento, fez uma retrospectiva histórica referente a política em nosso país. Relembrou o movimento populacional contra o modelo autoritário de ditadura militar que vigorou no Brasil, no qual havia fortemente a centralização do poder e do saber inclusive na área da saúde.

Com a Constituição de 88 a “saúde passa a ser um direito de todos e um dever do estado”, tornado-se um bem público com valor de uso.  Seu conceito se amplia, sendo mais complexo do que simplesmente tratar a doença. Assume, portanto, um sentido integral de ofertas (prever, tratar e promover), garantindo o acesso universal, a equidade nos serviços e heterogeneidade das demandas acompanhadas da heterogeneidade de serviços.

O HumanizaSUS é uma metodologia diferente que questiona essa prática do poder central, hierarquizado, corporativista e do modelo “médico-centrado”, que não atendia e não resolvia as questões relacionadas a saúde. Esse novo modelo propõe o sistema de rede, da comunicação em diagonal ou transversal entre os diferentes profissionais, e entende que para solucionar os diversos problemas de saúde pública é necessário o trabalho em conjunto e não da pratica de um único profissional.

Porém, como nem sempre o simples é sinônimo de fácil, a prática de humanização ainda é desafiadora. É uma experiência muito intensa de saúde para alem do cumprimento de carga horária, na qual é necessário um espaço de reeducação, de criação de práticas de novas subjetividades, de práticas e técnicas que possibilitem um novo olhar e um reposicionamento do envolvido no campo da saúde.

Em um segundo momento o moderador Eduardo Passos convidou as pessoas presentes, sentadas em circulo na sala, que “entrassem na roda” e trouxessem contribuições acerca do tema. Dessa forma, vários expuseram experiências pessoais, trouxeram idéias a favor da prática e colocaram os desafios ao se tentar “humanizar” os serviços, seja devido a inércia de algumas empresas, ou pelo profissionais que muitas vezes não sabem como agir ou do usuário que estranha um novo atendimento no qual o médico, por exemplo, conversa com o paciente e o enxerga para além da sua doença.

A proposta do evento e do tema de Humanização foi de grande relevância, devido seu caráter atual e sua importância como novo modelo de política nacional de implantação dos princípios do SUS, que permite uma prática mais solidária e mais humana no acesso aos serviços e daqueles que prestam o serviço.

Para saber mais sobre o HumanizaSUS, clique em
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1342

"GERINDO E CUIDANDO”




   A respeito da noção de “Gestão e Cuidado”, vê-se que gestão pode ser definida como: organizar, preparar, trabalhar, avaliar, acompanhar, motivar, favorecer, responsabilidade, gerir dentre outros. E o cuidado definido como: ação assistencial, acolhimento, vínculo, responsabilização, espaço, redes de conversação, efetividade comunicacional, interdisciplinaridade, reconstrução e muito mais. Ambas as noções se entrelaçam de forma que uma não existe sem a outra, como se fossem complementares. O exercício do cuidado é uma tarefa difícil e desafiadora. Cuidar, segundo SILVA & GIMENES (2000, p.307), “É servir, é oferecer ao outro como forma de serviço, o resultado de nossos talentos, preparos e escolhas.” O cuidado se traduz como prévia-ocupação, como disposição afetiva de antecipar-se, com zelo e gentileza, à presença do outro. O cuidado se instala num movimento de estar junto-com, para criar experiências vivenciais de bem-estar. Uma modalidade de cuidado que é entendida também como estado mental de ocupar-se existencialmente, como responsabilidade solidária. Ou seja, tem sentido ontológico de unidade, como constituição da vida, da cura, para ser.
Nesse sentido, não se trata de pensar e falar sobre o cuidado como objeto independente de nós. Mas, de pensar e falar a partir do cuidado como é vivido e se estrutura em nós mesmos. Não temos cuidado. Somos cuidado [...]. Sem cuidado deixamos de ser humanos. (BOFF, 2000, p. 89)
     A gestão se propõe a gerir atitudes, modos– de-ser, de ver e de conviver. Falamos aqui de um sentido institucional do acolher que gesta vidas através de uma companhia afetuosa, ao lado e junto com o outro. Por isso uma capacitação de cunho generalista, permite a nós futuros profissionais, sermos operadores do cuidado: acolhendo, formando vínculos e também gerindo, administrando esses espaços, essas redes de conversação a fim de quê possamos construir laços interpessoais, pautados no vínculo e na confiança mútua; como um modo de estar-em-comunhão, gerindo a nós mesmos. Fazendo assim a Gestão do Cuidado.
    Paulo Freire (2006: 39) destaca que "a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje, aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não puder fazer hoje o que hoje pode ser feito, e tentar fazer hoje, o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer". 


Referências: 

AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 8, n. 14, Feb. 2004 . 

AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Saude soc., São Paulo, v. 13, n. 3, Dec. 2004 .


BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

FREIRE, Paulo. Conceitos de educação em Paulo Freire. In: VASCONCELOS, Mª Lucia M. C. e BRITO, Regina H. Pires de. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo, 2006.


GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Idéias e Letras. Aparecida, SP, 2007.


SILVA, M.J.P.; GIMENES, O.M.P.V. Eu- o cuidador. Rev. O mundo da saúde. São Paulo, ano 24, v. 24, n. 4, p. 307-309, 2000.