domingo, 10 de outubro de 2010

"GERINDO E CUIDANDO”




   A respeito da noção de “Gestão e Cuidado”, vê-se que gestão pode ser definida como: organizar, preparar, trabalhar, avaliar, acompanhar, motivar, favorecer, responsabilidade, gerir dentre outros. E o cuidado definido como: ação assistencial, acolhimento, vínculo, responsabilização, espaço, redes de conversação, efetividade comunicacional, interdisciplinaridade, reconstrução e muito mais. Ambas as noções se entrelaçam de forma que uma não existe sem a outra, como se fossem complementares. O exercício do cuidado é uma tarefa difícil e desafiadora. Cuidar, segundo SILVA & GIMENES (2000, p.307), “É servir, é oferecer ao outro como forma de serviço, o resultado de nossos talentos, preparos e escolhas.” O cuidado se traduz como prévia-ocupação, como disposição afetiva de antecipar-se, com zelo e gentileza, à presença do outro. O cuidado se instala num movimento de estar junto-com, para criar experiências vivenciais de bem-estar. Uma modalidade de cuidado que é entendida também como estado mental de ocupar-se existencialmente, como responsabilidade solidária. Ou seja, tem sentido ontológico de unidade, como constituição da vida, da cura, para ser.
Nesse sentido, não se trata de pensar e falar sobre o cuidado como objeto independente de nós. Mas, de pensar e falar a partir do cuidado como é vivido e se estrutura em nós mesmos. Não temos cuidado. Somos cuidado [...]. Sem cuidado deixamos de ser humanos. (BOFF, 2000, p. 89)
     A gestão se propõe a gerir atitudes, modos– de-ser, de ver e de conviver. Falamos aqui de um sentido institucional do acolher que gesta vidas através de uma companhia afetuosa, ao lado e junto com o outro. Por isso uma capacitação de cunho generalista, permite a nós futuros profissionais, sermos operadores do cuidado: acolhendo, formando vínculos e também gerindo, administrando esses espaços, essas redes de conversação a fim de quê possamos construir laços interpessoais, pautados no vínculo e na confiança mútua; como um modo de estar-em-comunhão, gerindo a nós mesmos. Fazendo assim a Gestão do Cuidado.
    Paulo Freire (2006: 39) destaca que "a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje, aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não puder fazer hoje o que hoje pode ser feito, e tentar fazer hoje, o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer". 


Referências: 

AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 8, n. 14, Feb. 2004 . 

AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. Saude soc., São Paulo, v. 13, n. 3, Dec. 2004 .


BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

FREIRE, Paulo. Conceitos de educação em Paulo Freire. In: VASCONCELOS, Mª Lucia M. C. e BRITO, Regina H. Pires de. Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo, 2006.


GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Idéias e Letras. Aparecida, SP, 2007.


SILVA, M.J.P.; GIMENES, O.M.P.V. Eu- o cuidador. Rev. O mundo da saúde. São Paulo, ano 24, v. 24, n. 4, p. 307-309, 2000.

Um comentário:

  1. A partir da citação de Silva e Gimenes (2000, p.307) nos remeteu pensar que a importância das ênfases será justamente o que diz esta citação, estaremos fazendo escolhas e nos preparando para somar resultados que foram construídos a partir das nossas escolhas. Diante do que acreditamos, as ênfases serão de uma forma bem amplas e a partir de uma escolha teremos vários campos para a construção do conhecimento.
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