Segundo Uziel (2004), família é um conceito que emerge da relação social
e, portanto, acompanha as transformações que ela sofre. Antigamente a família
era vinculada ao conceito de casamento. Com a modificação da posição da mulher
na sociedade, adquirindo autonomia, as famílias também tomaram novas formas.
Conforme Vaitsman (1994), o surgimento da sociedade industrial moderna,
seguido da urbanização e do desenvolvimento científico e tecnológico,
contribuiu para uma redefinição das relações de classe, gênero e família. Antes
da Revolução Industrial as famílias eram nucleares, patriarcais e sua
subsistência advinha de produção própria. Após esta revolução, a família
transformou-se em conjugal moderna, cujo sustento agora provinha do trabalho
remunerado, conforme o princípio universal de mercado. Essa modernização
implicou na divisão sexual do trabalho, levando a sociedade a reorganizar-se.
A família conjugal moderna pode ser definida como uma instituição
estruturada sobre uma relação de amor e de contrato, na qual dois indivíduos se
relacionam livremente devido a uma escolha pessoal, porém, constrangida sob a
égide de uma hierarquia sexual, pois ao homem cabe a vida pública e à mulher, a
vida privada. Este modelo entra em crise a partir do momento em que se
questiona a divisão sexual do trabalho e finda-se a idéia da dicotomia entre
público e privado. As mulheres passam a participar da vida pública, a princípio
através das atividades profissionais, se estendendo então à política e
movimentos sindicais, aos estudos, à arte e cultura, causando assim uma
redefinição da noção de família na contemporaneidade (VAITSMAN, 1994).
A partir da década de 60, com a afirmação da emancipação feminina, o
núcleo familiar conhece profundas mudanças, dentre elas o aumento do número de
divórcios, de uniões livres, e de recomposições familiares bem como o
surgimento de novos rearranjos “[...] o pluralismo familiar é o resultado de
uma transformação profunda das relações de gênero e da emergência de um novo
equilíbrio entre autonomia individual e pertencimento familiar.”(SINGLY, 2007,
p.12).
Singly (2007) afirma que o fator afetivo presente nas relações familiares
irá marcar a separação entre o espaço público e o espaço privado
(intrafamiliar). Assim, a família contemporânea pode ser considerada
basicamente como um “espaço privado” em que os sujeitos buscam viver juntos e
desfrutar desta relação. Ao mesmo tempo em que a família contemporânea torna-se
privada, também ocorre o movimento para que seja pública. Isso acontece uma vez
que as relações familiares não são vividas da mesma forma que antes, não sendo
mais tão presente o sistema patriarcal e havendo, aos poucos, a interferência
do Estado na convivência familiar, principalmente no que se refere à
legalização de relações antes mal vistas: divórcio, reconhecimento das uniões
civis homossexuais, dentre outras.
A partir dos anos 80 novos modelos de família começam a emergir de modo
mais frequente/visível. Surgem as famílias monoparentais. Conforme Uziel
(2004), o vocábulo monoparental foi sugerido por Nadine Lefaucheur e sociólogas
feministas que teriam utilizado o termo a fim de valorizar lares chefiados por
mulheres (divorciadas, mães solteiras, viúvas) e que puderam constituir suas
famílias sem sofrer tanto a pressão que a sociedade antes as imputava. Em
decorrência destas mudanças, famílias são compostas e recompostas, uma vez que
um dos cônjuges de uma união desfeita passa a viver com outra pessoa, que
muitas vezes já possuía outros filhos, modelo que se torna cada vez mais comum.
As uniões livres foram crescendo aliadas ao aumento do trabalho assalariado das
mulheres. Junto a isso, uma redução considerável nos nascimentos ocorreu,
devido ao uso de métodos contraceptivos pelas mulheres, que começam a priorizar
o crescimento intelectual e profissional (SINGLY, 2007).
Nos tempos de hoje podemos perceber as diversas formações familiares. A família nuclear deixou de existir e passou a ser a monoparentais e outras diversas moneclaturas, aquela composta por vários membros de uma mesma família ou apenas parentes mais íntimos . Acreditamos que os diversos tipos de família encontrada na sociedade sem laços de consanguinidade, unidas por laços afetivos independentemente de sua organização, são um espaço inicial que se tem para exercer a cidadania.
ResponderExcluirEsquizogrupo.
A família é realmente um tema muito importante de se abordar, uma vez que é sempre considerado e avaliado na contextualização de um sujeito.
ResponderExcluirSejam laços consangüíneos ou de afeto, são sempre fundamentais na estrutura do indivíduo, na construção da sua subjetividade, dos seus valores e pré-conceitos.
Muito interessante a forma como o grupo abordou o desenvolvimento das famílias, levantando muitos dados discutidos e ainda em desenvolvimento na Psicologia, originários de novas culturas.
Grupo Subjetividade
A família é o primeiro órgão socializador do homem. A Socialização pode ser entendida como o processo de desenvolvimento de hábitos, de habilidades, de valores que são internalizados e compartilhados pelos sujeitos.
ResponderExcluirA postagem do Pós-Psiquê é um convite a reflexão do conceito "família", pois esse vem sofrendo transformações ao longo da história.
Cada vez mais a família nuclear vem sendo substituida por outros modelos - o monoparental é um deles. Porém,faz-se necessário uma reflexão a cerca das implicações de tais mudanças na constituição do sujeito. O que esses "novos arranjos" vão gerar?
Grupo Psicar