domingo, 26 de setembro de 2010

Psicologias, psicólogas e psicólogos do futuro


   Análise institucional: o mundo do trabalho e da saúde

Reverberando, remoendo, repensando através das trajetórias e provocações que vem dos textos.
Adeus ao trabalho – texto de Ricardo Antunes – nos interpela e nos faz pensar sobre a Psicologia do trabalho. Afinal, trabalhadoras e trabalhadores vítimas do mundo cão do trabalho fordista, taylorista e toyotista, são extensões de máquinas, e escravos pós-modernos, assalariados e iludidos pela ideologia do mercado consumista. Trabalho parcial, trabalho temporário, precário, terceirizado: subproletarização e exploração das mulheres com funções e salários que são uma ofensa à dignidade humana – com o argumento subjetivo de sua “condição feminina”. O trabalho feminino gratuito é ainda a face mais desumana deste contexto, e é a grande base e força de trabalho que sustenta o sistema capitalista. Estima-se que o trabalho doméstico não-remunerado represente cerca de 30% a 40% da riqueza gerada nos países industrializados. É um verdadeiro exército de trabalhadoras que prestam serviço gratuito, sustentando a população que tem empregos remunerados. (Anthony Giddens, Sociologia). A qualidade do trabalho, a satisfação, o desemprego, o subemprego e o que nem é considerado trabalho ou emprego – como no caso das trabalhadoras do serviço da casa/donas de casa, as altíssimas exigências com relação à qualificação para cargos, que mesmo assim mantêm baixos salários, tudo isso forma um quadro complexo que afeta a vida de milhões de pessoas e leva a quadros de adoecimento psíquico, social, físico e espiritual.
Mary Spink, em um texto sobre a formação do psicólogo para atuação em instituições de saúde, faz uma interessante reflexão sobre análise institucional. Em suas considerações afirma que o profissional em psicologia pode tanto atuar em uma instituição para simplesmente manter a ordem institucional, ficando alheio à compreensão dos processos de institucionalização. No caso de instituições de saúde, a psicóloga pode atuar em dois níveis – tomando em conta a instituição como um todo ou com a pessoa que é cliente da instituição.
O campo da análise institucional toma em conta a instituição como totalidade – esta visão contempla a idéia de que ao atores e atrizes institucionais constituem em são constituídos pela teia relacional que se performa neste contexto. Aqui, a análise da instituição como aparelho ideológico e como cultura tem um papel importante.  Não raro, acontece uma simples transferência do modelo clínico – focado no indivíduo e no consultório, onde as regras são ditadas pelo psicólogo – para a instituição. Revela-se aí uma situação acrítica por parte do profissional que acarreta o perigo de que se torne refém da instituição e que se um instrumento pra a manutenção do status quo.
Em suma, Spink chamará a atenção para o tema da alteridade no contexto institucional, o que implica na desconstrução e reconstrução de representações (por exemplo a in/compatibilidade das visões de mundo dos diferentes profissionais que trabalham numa mesma equipe) para chegar a um projeto de trabalho que seja capaz de incorporar a polimorfia e a contradição. (MARY SPINK. A formação do psicólogo para atuação em instituições de saúde)

Póspsiquê

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