quarta-feira, 27 de outubro de 2010

os Ermitões e a Psicologia ( percurso formativo)

da  Viviane Alcantara,
              
                              Quando criança eu queria ser...nada! Queria era brincar na rua e jogar bola... responsabilidade era tomar banho, comer tudo e escovar os dentes e futuro era tão real quanto o Saci Pererê, a gente sempre ouve falar mas nunca vê!
                               Mas passa o tempo e o tempo passa...eis que me encontro no "pré-primário", meu melhor ano escolar. Isso mesmo, o Melhor ! Porque nele aprendi a gostar de ler, que é o mais importante. Ler por si só é "defasado", gostar da coisa (leitura) mesmo que o que tenha que ser lido seja um saco, ainda sim, é um exercício divertido. Gostava de ler, dos amigos, das brincadeiras com tinta e argila.
                               Das aulas não gostava muito. Era dispersa, ansiosa, agitada, impaciente e me mantinha atenta aos monólogos dos professores apenas nos primeiros minutos. Pra algumas aulas na faculdades eu continuo assim. Contudo, como já disse, adoro ler. Então, me viro bem, na maioria das vezes, sendo auto-didata. E mais, como disse uma das professoras da facu, quando questionou a minha distração e viu que isso não influênciava nada a "construção do meu saber", apenas complementou "...se você consegue assim, não há problema algum, os professores são em alguns casos dispensáveis...". Lembrando ( falo por mim )que até os dispensáveis acabam se tornando fundamentais...
                                O ensino médio foi o pior. Ou seria eu no meu pior desempenho? Entendam "pior" com  ênfase. Aqui eu pulo, porque esse foi um momento nebuloso da minha vida escolar e já está gravado no meu histórico. ( escola pública, aluna distraída e desinteressada...não há santo que dê jeito!)
                               Passei sem méritos o ensino médio e prestei vestibular para Terapia Ocupacional na UFMG, passei na primeira etapa, e desisti da segunda. Por que Terapia Ocupacional? chutei no último momento da inscrição. Por que desisti? A universidade é pública e os gastos seriam particulares. Na verdade, também me acovardei. E pronto! E no mais não me identificava com nenhum curso específico e pensei se queria mesmo fazer uma faculdade ( o que as vezes penso, mas só as vezes...)
                              E passa o tempo e o tempo passa... casei, tive a primeira filha e fiquei um bom tempo sem estudar. Voltei, estudei, fiz ENEM, tirei ótima nota e ganhei uma bolsa. E... não sabia o que fazer, podendo escolher o que eu quisesse com a nota que tinha tirado, das humanas as exatas. Pensei em Fonoaudiologia, não dava porque na PUC o curso é a tarde ( tinha que trabalhar pra pagar meu material, ué!); Arquitetura, também era à tarde. Assim, não sendo me dado mais tempo para escolher, pulei na barca do Jornalismo, pois já disse, eu gosto muito de ler e por conta, também de escrever. O curso é uma delícia, divertido, cativante, porém estava faltando alguma coisa e pedi transferência... mas para onde meu Deus?! Fiz uma lista. Sociologia, História, Economia, Biologia, e em último caso Psicologia. Em resumo no último dia pra inscrição, abri as grades curriculares e por eliminação e por critérios que não recordo, me joguei de cabeça na Psicologia.
                               A psicologia é um curso interessante ( cabendo aqui variedade ampla de adjetivos e qualificações). Muuuuita informação, muita teoria, muita coisa que eu compreendo e não entendo, outras que entendo e não compreendo, e outras tantas que nem entendo, nem compreendo, mas que gostaria muito esclarescer...
                              As vezes da uma vontade de sair correndo e fazer outra coisa. Pensei um tempo que Economia seria mais coerente (Pô, a gente vive num sistema capitalista!). Mas já que aqui estamos vamos aproveitar a viagem.
                              Pensando, pensando, pensei: não me identifico e nem amo a Psicologia, como descobri que não me identificaria e nem amaria nenhum outro curso. Meu entedimento seguia uma ordem contrária. A psicologia é uma "coisa". Ela não respira, não come, não anda, não ama, não chora, não ri...não sente e nem vibra. É objeto dos mais abstratos. Objeto por objeto é passível e manipulável. É maneira, é forma, é ótica, teoria é pedaço da prática. Não posso amar os objetos, simpatizo e posso até gostar porque sou materialista como qualquer outra criatura que vive atravessada pelo capitalismo. Os objetos são tão úteis quanto inúteis. Tão imprecindíveis, quanto dispensáveis. Com as pessoas é bem diferente e bem mais complicado. E o amor, em dada medida, pede certa submissão e tolerância para com o ser amado. Submeter-se ou tolerar os objetos traz consigo um perigo iminente de valorizar em demasia os objetos em relação as pessoas
                               Hipóteses e especulações a parte, fico com o Veríssimo (O Luiz), que disse em relação a gramática na sua crônica O gigolô das palavras "Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda."                              Entendo que a Psicologia assim como a gramática é um saber sobre o humano e a sociedade e por isso, também, deve ser submetida a nosso favor e não ao contrário. Nós precisamos estar cientes de quem é que manda!
                              Esta aí a mais importante das descobertas que fiz na Psicologia durante o meu percurso!

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do Rafael Salles

                              Iniciei meu segundo grau em uma escola técnica de informática, mas, logo percebi que não iria muito longe e completamente desmotivado fui reprovado pela primeira vez em minha vida. Passei para uma escola convencional e me formei no segundo grau sem mais reprovações.
                               Me lembro que a primeira profissão que me chamou a atenção era a de taxista, mas, eu era muito pequeno e desisti da idéia rapidamente. Quando com cerca de 12 anos, gostaria de ser odontologista, acho que porque na época eu usava aparelho e freqüentava muito consultório e me identifiquei com a profissional que tratava do meu caso. Contudo, perto de prestar o vestibular a Psicologia me chamou a atenção, também por me identificar com algumas pessoas que eu gostava, também pela possibilidade de ser um profissional liberal. Nunca nem prestei vestibular para outra profissão, e hoje na faculdade percebo que a Psicologia é muito mais ampla do que eu imaginava.        
                              Confesso que me faltou buscar mais informações antes de ingressar no curso, talvez por isso eu tenha passado por uma crise na etapa do quarto período que quase me levou a desistir do curso e mudar de área. O motivo era por uma hipótese de mudar para um curso cujo mercado fosse mais favorável visto que amigos de outras áreas conseguiam colocação no mercado mais tranquilamente. Coincidentemente precisei trancar o curso naquele ano e fiquei o ano seguinte longe da faculdade por motivos financeiros. Ainda por esse motivo pedi transferência de universidade pela possibilidade de fazer menos disciplinas do a que a instituição em que eu estava permitia. A princípio me arrependi, pois, gostava da antiga faculdade e pelo fato de ter atrapalhado toda minha grade. Mas, satisfeito com a nova faculdade dei continuidade ao curso. Depois de três anos como aluno irregular pedi nova transferência, agora apenas de unidade, pois, o curso onde eu estudava estava sendo transferido para o turno da noite. Este é meu primeiro semestre nesta unidade e agora, com mais conhecimento sobre Psicologia tenho certeza de que estou no caminho certo independente das dificildades.
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do Fábio Rodrigues

                               Quando criança nunca pensei em ser nada... tá vai, pensei em ser jogador de futebol, quem nunca sonhou em ser?! Esse sonho, por sorte, ficou para trás logo nós primeiros contatos com o objeto redondo. Péssimo aluno e pouco "popular" desde o pré escolar, penso que a escola passou por mim e não eu por ela, todavia penso também que toda vivência trás aprendizagem sendo ela formal ou não, aceita ou não. Nesse ponto creio que até o fato de não ter me enquadrado aos métodos cristalizados e consequentemente desestimulantes dos estabelecimentos de ensino em que passei ou melhor, que passaram por mim quando criança, já trazem elementos importantes para minha constituição enquanto sujeito.
                               Recém formado graças ao sistema plural (diga-se de passagem), resolvi continuar estudando a princípio mais pela posição social que um graduado detém diante da sociedade do que por qualquer outra explicação cabível. Por que PUC?! Por que Psicologia?! Simples, uma tentativa bem sucedida de estudar perto de casa e fugir ao máximo dos cursos de exatas.
                              Não quero dizer que eu não gosto do curso, de forma alguma, só não sou hipócrita e nem "tapado" o bastante a ponto de achar que nasci pra ser psicólogo, penso que fui levado a condição atual através das relações e vivências até do momento.
                              Depois dessa explicação breve das escolhas e tal, vou falar do meu ingresso na instituição PUC. Após o vestibular que fiz sem pretenção alguma, recebi a notícia que havia passado, se bem pra falar a verdade acho que essa notícia chegou para todos que concorriam a vaga, mas enfim, era o começo da minha vida acadêmica.
                              No começo rolou um choque natural na transição entre ensino médio e ensino superior, agora as coisas não se apresentam tão mastigadas como antes e a autonomia torna-se palavra chave para o bom rendimento nos estudos. Passando as dificuldade de se familiarizar com o ritmo acadêmico nos primeiros dias, a universidade se transforma em algo central nas nossas vidas, preenchendo um momento de liberdade, conhecimento e lazer do nosso dia a dia.
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dos Anjos ( Diego)
 
                            Começarei pela fase escolar que tive antes da faculdade, ela foi divertida, irritante, houve aprendizado, rebeldia, vadiagem, compromisso, irresponsabilidade, responsabilidade, calma, violência, vícios e construção... Resumindo foi uma fase bem agitada eu diria. O fator que influenciou para a escolha da Psicologia foram as maneiras de se comportar do ser humano, como e o porquê nós seres humanos agimos de determinada maneira em situações ou ocasiões diversas.
                            Em janeiro de 2008 estava no meu quarto curtindo a vadiagem de se estar em casa no melhor estilo, que é deitado na cama curtindo um Rock in Roll. Até hoje me lembro do que tocava no velho rádio, tocava nada mais nada menos que Black Sabbath, a música era N.I.B que tem em sua essência satânica as mais belas melodias. Quando os sinos suaram minha mãe me chamou e disse “suas férias acabaram, é hora de voltar a estudar”, nesse momento senti em meu corpo uma sensação que comparo a de um orgasmo.
                            Na PUC me senti muito satisfeito, essa satisfação foi aumentando a medida que eu avançava no curso, pois me deparei com diversas questões a se pensar e construir um conhecimento supremo em vista do que antes eu tinha. Nesse caminho de aprendizado eu reciclei vários conceitos, passei por disciplinas excitantes e confesso que algumas eram e são angustiantes.
                             Nesse percurso tive e ainda tenho alguns pensamentos que rodeiam a minha escolha pela Psicologia, mas ainda não acabou, pois terei disciplinas e digamos professores bem “loucos” pela frente, para questionar e ser questionado. (rarrarararra)
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do Diego Leal

                              Quando criança, quis ser advogado, engenheiro e jogador de futebol. Em minha trajetória escolar, sempre fui péssimo em matérias da área de exatas e, talvez, esse tenha sido um fator que me fez desistir da engenharia.
                                No Ensino Médio, confesso, não era o melhor aluno e também não estava perto de chegar a essa posição. Naquela época, quando chegou a hora de me decidir sobre o meu futuro profissional, tive dúvidas, assim como grande parte dos vestibulandos. Fisioterapia? Comunicação? Ou Psicologia? Com toda essa dúvida eliminei a Fisioterapia, pois tinha muita preguiça da Biologia, mas e agora? Comunicação ou Psicologia? Gostava - e gosto - muito de ambas as áreas. Porém, o sonho da minha mãe em ser psicóloga de certa forma influenciou em minha escolha.
                                Em 2007, bem próximo da conclusão do Ensino Médio, recebo a notícia de minha irmã: “Parabéns! Você passou no vestibular!”. Fiquei eufórico, mas essa euforia virou preocupação, pois meu sonho e de minha família estava ameaçado. Dinheiro em minha casa sempre esteve em extinção, o que poderia inviabilizar minha entrada na universidade.
                                Em 2008, chego à PUC - São Gabriel onde conheço várias pessoas que um dia viriam a ser meus amigos, uma menina que viria a ser minha namorada e várias outras pessoas que não fazem nenhuma diferença na minha vida. No mesmo ano, a dúvida bate à porta novamente e a vontade de fazer Comunicação persiste. Mas em profunda reflexão, percebo que o que eu quero é fazer Psicologia e a Comunicação também, mas em segundo plano.
                                Confesso que muitas pessoas não acreditavam e/ou acreditam em mim, mas estou firme na minha escola e, modéstia à parte, fazendo um ótimo percurso na Psicologia. Em todos esses anos, várias pessoas fizeram parte dessa história, parte da família, amigos, cachorro, Bim... Entre os professores, não tenho do que reclamar, quase todos os tipos de mestres passaram em minha vida: inteligentes, gente boa, sacanas, o que não sabe dar aula, os ausentes, falcatruas etc...
                                Este texto fala um pouco da minha trajetória até agora e sobre aqueles que não acreditavam em mim... Estou chegando! Abraços, garotos e garotas!
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dos Ermitões...

Um comentário:

  1. Bacana Ermitões, foi bom ler o percurso de vocês, principalmente a concepção que se repete em dois textos de que a Psicologia deve ser usada a nosso favor, a favor da vida e nâo o contrário. Além disso, é bacana ter a humildade de perceber que qualquer conhecimento só é bom se gera produção e vida, por isso o cuidado de não nos deixar seduzir pelo poder que o saber traz indissociado dele...

    Parabéns pelos percuros formativos, foi um prazer lê-los.

    Cássia e Valéria

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